Final
Enquanto caminhava em direção à Compostela, um aforismo diariamente norteava meus ideais: “O peregrino vê o que vê. Já o turista vê o que foi ver, eis a diferença fundamental. Assim, ao peregrinar, observe os detalhes!” .
E
foi calcado nessa máxima que pude não só “curtir” intensamente os momentos inolvidáveis que vivi no Caminho, como, também, cuidadosamente catalogá-los. Foi, ainda, uma oportunidade única para perseverar vigorosamente em busca
de minhas metas, bem assim para reavaliar meus limites e, inclusive, superá-los.
Impossível não reconhecer que o Caminho deixa-nos marcas profundas, não somente de ordem física, mas, principalmente, no plano espiritual,
consubstanciado pelos sentimentos de solidariedade, amor ao próximo, respeito mútuo e cordialidade, que tanto exercitamos quando estamos em movimento.
Inexoravelmente, os dias que passei na Rota, escoaram-se na ampulheta
do tempo, como um sonho, e ao regressar à realidade das pugnas pela existência, sentia-me enriquecido pelas benesses incorpóreas e emocionais colhidas ao longo de minha peregrinação.
Particularmente, creio que encontrei
o que procurava, meu equilíbrio, além de poder mensurar, também, o fervor que habita meu ser. Como saldo positivo trouxe comigo o conhecimento dos meus extremos, a certeza de que posso viver com muito pouco e, portanto, o que
tenho é muito.
Para finalizar, um pensamento que creio, espelha com fidelidade o que vi, vivi e descrevi: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem
momentos inesquecíveis, situações inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa).
Bom Caminho à todos!
Oswaldo Buzzo
Nov/Dez -2004