De Lourdes a Santiago de Compostela

por  OSWALDO BUZZO

Santiago - 4


À noite, saí e vagarosamente caminhei pelas ruas, mãos nos bolsos e sem destino. E uma excitação esquisita me invadiu, na véspera da partida daquele lugar, de onde três anos antes eu tinha me despedido, sem saber se um dia ali voltaria, uma sensação estranha a me corroer, algo que sentimos quando a gente nem se foi e já está com saudade de voltar.

Fiz, então, um rápido balanço de minha aventura, e pude constatar que mais uma vez o destino fora benevolente comigo. Isto porque, em minha memória acorriam, também, a imagem das pessoas com quem tivera a honra, o prazer e a dádiva celeste de dividir uma fatia do meu tempo aqui no planeta, que tanto me legaram alegria, felicidade e satisfação. E, me sentia extremamente gratificado por isso.

Mais tarde, ao arrumar meus pertences na mochila, preparando-me para o retorno inadiável, pensava em Santiago, sua imagem já difusa numa aura de saudade, e ao lembrar dos dias alegres vividos no Caminho, senti um nó no estômago, um terrível vazio dentro de mim. Porque, na lembrança restavam sensações sutis, como uma nostalgia antecipada dos instantes indeléveis que lá vivera.

E tem mais:

E tem muito mais ainda...